terça-feira, 19 de abril de 2011

O COOKIE FAZ SUCESSO


Vejam só quem tá chegando
A galera se animando
É o Cookie, é o Cookie, é o Cookie, tá entrando
Ele chega empinadinho
Mas está meio sujinho
É o Cookie, é o Cookie, é o Cookie, tá fedendo
Já chegou atrasadão
Vou passar-lhe um sabão
É o Cookie, é o Cookie, é o Cookie, tá lavando
Ele ficou muito irritado
Tá até um pouco irado
É o Cookie, é o Cookie, é o Cookie, tá mordendo
Seu pelinho tá crescido
Fica todo emboladinho
É o Cookie, é o Cookie, é o Cookie, tá raspando
Ficou todo molhadinho
Agora sopra um ar quentinho
É o Cookie, é o Cookie, é o Cookie, tá sequinho
Fico sorrindo e cheirando
Ele que ficou brilhando
É o Cookie, é o Cookie, é o Cookie, tá cheiroso
Ao final ficou legal
Pula, pula, animal!
É o Cookie, é o Cookie, é o Cookie, tá partindo

Ficou muito extasiado
Adoro o Cookie, é safado
Serei sempre seu amigo
Como o Cookie é bonito
Eu abraço ele me aquece
Esse Cookie me enlouquece

DIVINA



Divina
Chamego supra-humano
Arde tal sol nascente
No coração da gente

Etérea
De poder celestial
Puro e louco encanto
De instinto animal

Escultural
Deusa em forma humana
Que exala, que emana
Doces e selvagens sons

Sensacional
Uma graça de menina
Um exemplo de mulher
Conquistando o que quer

“Quero me embolar em teus abraços
Me perder em seus cachos
E sofrer nas tuas unhas”

Artista
Trapezista ou Colombina
Arte que em mim combina
Carícias e malícias

Manhosa
Seduz com perfeição
Me deixa em suas mãos
E se entrega ao prazer

Volúpia
Forte rio caudaloso
Seguindo, fabuloso
Por travesseiros e lençóis

Rainha
Minha vida conquistou
Com você eu quero estar
Pra onde você for eu vou

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

MASTIGA


Teu corpo seduz-me noites inteiras
Em sonhos, em apelos, em tato
A cama se torna boca
Que mastiga, fustiga, fastia
Engole e cospe,
Mastiga, mastiga, mastiga
Rumina
E não sacia

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

COMO NASCE O AMOR?


O amor nasce em brisa
É sopro de vida
Chega doce, suave
E arrepia
Inebria
É quente quando frio
Refresca quando arde
Atingindo o peito
Que, aceso
Estremece
Atingindo a visão
Que, de tantas cores e brilho vistas
Cega
Atingindo os sentidos
Que aos zunidos
Se tornam unidos
Vibrando veias e músculos
Percorrendo braços
Até mãos que tremulam
E suam
Enraizando pelo corpo
Segue o maravilhoso
Processo de tomada pelo sentimento
Indo ao estômago
Faminto, nervoso, ansioso
Derretido
Descendo às pernas
O amor já é grande
E pesa
Enfraquece
Dobra os joelhos
Desestabiliza a pisada
Desvio o prumo
E nos coloca no rumo
Nos põe em seu caminho
E faz em nós ninho

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

SANHA

Ao paladar de tua saliva
Seiva a vida
Onde sanha nossa chama
Elevando ao luar
Pensamentos flamejantes
Dois corpos ao mar
Tragados pela turbulência
Embebidos pelas ondas
Engolidos pelo fogo
Depurador dos pecados
Arrestados eu e tu
No furor que não cala
Ensandece o espírito
Fomentando novos pecados
Laboriosos
Lascivos
Lancinantes

segunda-feira, 26 de julho de 2010

MAGIA


E se desfez a luz. Aquele corredor lúgubre após a saída do prédio em estilo de carceragem contrastou com o ocorrido encontro de mentes ávidas por luz em suas vidas. Um silêncio instalou-se avassaladoramente, mesmo tendo no final daquele túnel luzes, automóveis e transeuntes.
Engraçado, a escuridão possui o silêncio. Nossos instintos migram do sonoro gritante para sons quase inaudíveis, sorrateiros.
Caminhando rumo à saída percebo paredes de pedra e garrafas, passo por uma árvore e alcanço o final daquela instituição, coincidentemente ou não de grades. Um novo contraste em minha rota de fuga. Após transpor o portão um grupo de buzinas, luzes, gente e conversas me tomam de assalto, mostrando-me ter voltado à civilização. Caminho até o ponto de ônibus, moro longe e a hora já está avançada. Três metálicas mulheres de Marte conjecturam grosso sobre seus destinos embaixo da cobertura protetora com lateral em ferro todo vazada, parecendo um "queijo" de balas perdidas. Acorda, aqui é o Rio de Janeiro, fica ligado. Dois outros futuros passageiros mais à frente observam, quase desolados, a rua vazia de veículos.
Olho para o portão de saída, outros fugitivos escoem para táxis e caronas. Zona sul não tem mais hábitos de coletivos, é tudo particular. Sou do outro lado da poça d’água, minha carteira de motorista venceu faz mais de trinta dias e ando muito cansado à noite, viva o ônibus.
Quando menos espero surge um “oi” e a famosa pergunta puxa-conversa: “Gostou da aula?”. Olhando um pouco para baixo vejo um sorriso simpático, sardas e grandes olhos femininos. Respondo com meu sorriso e um “oi” que sim, foi muito instigante e promissora. Para não perder minha condução desviando a atenção para a conversa pergunto-lhe se também morava em Niterói, perder um ônibus pode implicar em mais meia hora de espera.
Ela me responde que não, mora em Laranjeiras e está esperando o 584. Porém o dito demora mais que uma eternidade para passar e sua noite de penitência estava iniciando. Neste momento me veio à memória uma estória de um primo. Sempre que surgia uma dificuldade ele dizia que devíamos acreditar na magia que tudo se resolveria.
Ela sorriu meio desconfiada e voltou seus olhos para a solitária rua deserta ao fundo. Sorri e olhei para frente. Um coletivo marrom e azul ali tomou posse de toda a área destinada à parada rápida. Através de vidros esverdeados percebo como num caleidoscópio a imagem de outro coletivo se formando, passando pela rua fora do ponto. Procurei sua numeração por curiosidade, vai que a magia acontece.
-“É o 584!” falei alto para chamar a atenção da minha companheira de aula e espera.
-“É o 584!”.
Ela veio em ansiosos passos sem acreditar, nunca ele tinha sido tão rápido. Falei que ele estava parando logo à frente, acho que eu mesmo parei-o com a força do pensamento. Abriu a porta da frente com se a esperasse. Nesse instante ela disparou em desabalada carreira até a parte posterior de seu desejado destino, bateu com a mão espalmada gritando “pára, pára” pois a pequena espera do motorista era impaciente, queria andar logo dali. Uma mulher que se transformou em menina saltitou até a porta principal do coletivo, subiu e tomou o rumo de casa, impregnada pela força da magia espero eu.
Sorri novamente, talvez tenha feito a minha boa ação do dia ou não, só sei que em cinco minutos foi minha vez de tomar meu caminho de casa, meu ônibus chegou, fui!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

EXTINÇÃO


Há muito li e me espantei: baleia azul entrara em extinção
Como assim?, me perguntei
Essa palavra é sobre dinossauros, será que eu me enganei?
Não, essa palavra sim vislumbrava no rol da minha era.
Significando que este ser deixaria de ser vivo, sem presença
Somente a lembrança contada, pintada, fotografada
Já era, pensei.
E tempo passou, passou e retornou
Um novo nome, uma antiga tradução:
Onça pintada entrara em extinção
Significando que este ser deixaria de ser legítimo
Somente lenda contada, pintada, dançada
Já era, pensei.
Palavras voaram, títulos jornalísticos amarelaram
Até despencar à minha frente tal qual um corpo
Mata Atlântica entrara em extinção, Floresta Amazônica
Mognos, jacarandás, cedros e andirobas
Barreira de corais Australiana, tigre de bengala
Elefantes e guepardos, borboletas, “barrigudinho”
Urso panda, urso polar, tartaruga marinha, meu ar...
Ficaremos sozinhos neste mundo?, me perguntei.
Nos restaremos a nós, atados aos mesmos?
Sobreviveremos apenas com amizade?
Fui procurar respostas, e a encontrei:
Relações sociais tinham entrado em extinção
Significando que esta deixaria de ser feita
De ser para ser, seria holográfica, seria HD
Seria parecer
Assombrado, desesperei
E agora João? O que fazer, para onde correr?
Pensei, pensei e pensei. Lembrei.
Que o amor é o bem maior da humanidade
Salva, ri, acalenta e sustenta esta sociedade
Carente de caridade, esquecida da irmandade
Cadê amor, vou procurar, onde está?
Revista, jornal, páginas de fofoca ou policial
Apenas leio maldade, só brutalidade
Filho tá matando pai, mulher que tocaia marido
Namorado espanca a quem dizia amada
Vítima sem reação ser executada
Criança violentada na inocência
Por bichos despidos de decência
Para meu espanto constatei
O amor havia entrado em extinção.