quarta-feira, 7 de julho de 2010

EXTINÇÃO


Há muito li e me espantei: baleia azul entrara em extinção
Como assim?, me perguntei
Essa palavra é sobre dinossauros, será que eu me enganei?
Não, essa palavra sim vislumbrava no rol da minha era.
Significando que este ser deixaria de ser vivo, sem presença
Somente a lembrança contada, pintada, fotografada
Já era, pensei.
E tempo passou, passou e retornou
Um novo nome, uma antiga tradução:
Onça pintada entrara em extinção
Significando que este ser deixaria de ser legítimo
Somente lenda contada, pintada, dançada
Já era, pensei.
Palavras voaram, títulos jornalísticos amarelaram
Até despencar à minha frente tal qual um corpo
Mata Atlântica entrara em extinção, Floresta Amazônica
Mognos, jacarandás, cedros e andirobas
Barreira de corais Australiana, tigre de bengala
Elefantes e guepardos, borboletas, “barrigudinho”
Urso panda, urso polar, tartaruga marinha, meu ar...
Ficaremos sozinhos neste mundo?, me perguntei.
Nos restaremos a nós, atados aos mesmos?
Sobreviveremos apenas com amizade?
Fui procurar respostas, e a encontrei:
Relações sociais tinham entrado em extinção
Significando que esta deixaria de ser feita
De ser para ser, seria holográfica, seria HD
Seria parecer
Assombrado, desesperei
E agora João? O que fazer, para onde correr?
Pensei, pensei e pensei. Lembrei.
Que o amor é o bem maior da humanidade
Salva, ri, acalenta e sustenta esta sociedade
Carente de caridade, esquecida da irmandade
Cadê amor, vou procurar, onde está?
Revista, jornal, páginas de fofoca ou policial
Apenas leio maldade, só brutalidade
Filho tá matando pai, mulher que tocaia marido
Namorado espanca a quem dizia amada
Vítima sem reação ser executada
Criança violentada na inocência
Por bichos despidos de decência
Para meu espanto constatei
O amor havia entrado em extinção.

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