quarta-feira, 28 de outubro de 2009

POEMA DO ADEUS


...preciso soltar dessa amarra.
Barco sem marinheiro, capitão sem Nau, à deriva, à vida.
Um precisa navegar,
Noutro a certeza da terra firme serena as tormentas.
Podemos subtrair da flor o perfume?
Extrair totalmente o calor do sol?
Nunca se apaixanar com a lua cheia?
Jamais sorrir junto à infância quando estende diminuta mão?
Também acreditei que não seria a eterna resposta.
Mas sim existe sim e surgiu da boca que menos esperava
Foi dito delicadamente suave por amor
Que disse-me sim, teu amor pode matar
E não, não a terá se realmente é amor o que sentes
Sois estio para frágil graça em vida
Sois escuridão quando vier o frio
Sois entardecer na necessidade da manhã
Afasta-te, abranda-te e encanta-te
Deixa a vida se curar, a correnteza fluir os males
Que o menino quer voltar para casa

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DIFICULDADES



Aquele que todos vêem mas não o enxergam
De corpo frágil que esconde um segredo
Do sangue impuro emana a mais pura emoção
Um guerreiro que luta para vencedor o bem
Um super-herói a serviço do mal
Fugindo de sua identidade secreta
Identidade inconveniente
Que aos próprios olhos é pequena
Que aos próprios desejos é fraca
Que frente à vontade é covarde
Porém diante de uma verdadeira batalha
Arrisca-se peito aberto ao incerto
Sabedor de suas ilimitadas habilidades
Mesmo sendo humano, frágil, imperfeito
E extremamente forte, resistente, tenaz
Pronto a alcançar o erro, atingir a falha
Ser perdido, ser heróico, ser natural
Assim segue aquela criatura, serena
Despercebida, com suas asas recolhidas

QUEIJO


Bela Fênix das palavras
Passei aqui pra deixar beijo
Que como queijo
É bom pra caramba.
Inda mais aquele grelhado, aquecido,
Formando casca que crosta e crack crocante
Deliciando paladares exaltados.
Molho salivar junto a acompanhar
O que o olhar há muito vinha a apreciar,
Sorvendo o exalado dos aromas vazados
Por poros que peles
Em suores que derretes
Do ser que queres.
Satisfação já não é um não,
Soberba disse um sim,
Abençoando a mim,
Dirimir-me dos pecados, anulados,
permitindo somente, por ínfimo instante ausente
deste mundo sair, sublimar dali,
do planeta amar, teu gosto, teu corpo tão salutar.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

AÇOITE


Cansado e massacrado
Por excessivas cobranças
E cruéis exigências
Resolvi guardar meu açoite
Ah, que delícia, que prazer, que alívio
Minhas costas já não ardem mais
Meus cortes viraram cicatrizes
E o sangue, o meu sangue
Só escorre
Por dentro das veias
Será que isso funciona
Com a mágoa?
Vou tentar...
Se funcionar eu conto

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

BOCABOCA



A boca que beija a boca
Em língua à língua
Na saliva
Que saliva na boca
Um beijo!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

DEIXE


Por que não deixar alguém lhe amar
Amarras foram feitas para serem soltas
Velas ao vento, um peito aberto
Velejo, deleito, rumo ao infinito
Não quero fazer da sua cama um mito
Nem ser para a mulher menino
De espaços vazios não se preenche uma vida
Ilusões são pratos cheios de fome
Devaneios promessas não cumpridas
Não pense ser um ser desnutrido sozinho
Vamos desejar a realidade de dois corpos
Pretender alcançar juntos o gozo supremo
Aspirar ares exalados de suspiros emocionados
É só permitir alguém lhe chegar
Trocar afagos, se perdoar
Faz um carinho, pede um colo
Não seja forte e sim consistente
Responsável aos cuidados
E ao sentimento coerente
Não se acovarde, enfrente
Que mesmo tarde chega novamente
Bate que bate e arde e sente
Ah, estou amando!

QUEDAS


Aprendi que a vida era escada
Ser de passo em passo que se vai ao alto
Quanto mais pra lá mais terá para contar
/Jamais esmoreça pelo caminho
Sendo responsável direto das escolhas
Que preencherão os dias do teu destino
/Onde quiser chegar chegará
Se aplicar vontade onde sonhará
Para os desejos assim alcançar
/Faça sempre o certo menino
Ame e dê muito carinho
Muitos abraços, muitos beijinhos
/Cuide bem da sua saúde
Não se alimente só de porcarias
E um pouco de ginástica quase todo dia
/Trabalhe e seja sujeito honesto
Tendo filhos seja um bom exemplo
Leal companheiro aos amigos
/Mesmo esmerado no que é o correto
Quem prometeu que vai dar certo
/Por acaso tem bola de cristal?
Super-visão paranormal?
/Sei que agente pode tentar
Dizer muito blá blá blá
/Mas não temos como evitar
As quedas que essa vida nos dá

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

CANSADO


Caramba, amanheceu, mas só lá fora
Aqui a escuridão e o frio prevalecem
Aqui fraqueza e vazio permanecem
Será possível sobreviver toda manhã?
Até agora sim, sou prova viva disso
Viva? Pelo menos o que restou dela
Virei sobra de um sonho que não nasceu
Por simples capricho meu, ser maior que eu
Ir até onde não alcanço abraçando o inexistente
Inflado de ilusão me tornando inconsistente
Encharcado por doses, ser inconveniente
Recheado de drogas até ficar inconsciente
Pútrido podre pobre porcaria
Já nem preciso mais do amor
Tornei-me minha própria desilusão
Vulgo galho seco no meio devastado
De uma outrora terra fértil e encantada
Onde palavras sonhavam e sorrisos voavam
Lá carinho era moeda e abraços amigos
Excessos? De alegria eu diria
Viagens? Só com minhas próprias pernas
Sair do ar? Através da minha consciência
É, deixei tudo para trás, foi caindo no chão
Um a um o que tinha de valor comigo

MANDA VER


Quero aqui dizer a vocês
Que amar não é brincadeira
Faz o corpo se alterar
Até o controle se perder
Diluindo o hiato
Num dilúvio de desejos
/Inundado coração
Hidratado de paixão
Na saliva de seu beijo
/Me arranhado em seus pêlos
Eriçados, em relevo
A se pronunciar querendo
Um pedaço do meu corpo
A se completar perfeito
Em tua ausência suas
/A relva, a selva, a pele
Eu só sinto, só percebo
Tudo aqui é luz, é cheiro
/Fantasias, sensações
Estabelecer contato
Grudar, lubrificar
Acelera, freia
Agarra, solta
Puxa, brilha
Pegou, gemeu
Pegando, cansados
Pegados, dormidos.

VOU PROCURAR


Tem dia que não é dia de folia
A casa caiu, o chão rachou
O céu desabou e meu sangue secou
Mesmo com sua partida tão desejada
Levou um coração gostando tanto de você
Amores voláteis e paixões passageiras
Já fora avisado no alto do cardápio
O especial da casa é puro sentimento
Recheado a solidão e fatiado a lamento
Servido de alimento ao tubarão
Amarguei sob sua chibata culpas e deveres
Remoendo o ser que sou pra ser nada pra você
Mudando o destino e até mesmo o sorriso
Que trazia comigo, antigo feliz menino
Sua hora tão voraz sem tempo alimentou
Meus veios humanos com saudade
Seus ares de sedução entupiram
Meus pulmões de lacrimogêneos
E meu coração tão querido, tão amado
Virou depósito de pó, poeira, areia e pedra
Porém fora avisado, porém não fui preparado
Queria só fazer-te teu bem, ser meu também
Não ser esse ser mal-amado, ser pobre, um coitado
Em meus sentimentos silenciado
E por eles sim, julgado
O erro foi só meu, quem aproveitou foi só você
Dona por inteiro sem dividir minha companhia
Falando abobrinhas e sempre me envergonhando
Usando o que nenhum dinheiro vai comprar
Foi definhando minha esperança de amar-te
Alma que bem me resguardara encontrava-se sórdida ameaça
Assassina voraz, descrente de piedade
Sempre sonegando meus simples direitos
Com juras de paixão sem atender minha ligação
Nem mesmo um boa noite vindo já com tanta mão
Seu dia deprime, sua tarde desmaia, sua noite enlouquece
Carreguei peso demais, cheio de ódio e estupidez
Quer saber? Tchau!
Vou procurar quem me trate bem