quinta-feira, 22 de abril de 2010

ENCERRAMENTO


Olhe quem chegou, sabe quem? O tempo
Avisando o seu encerramento
Cobrando projetos não realizados
E viagens não vividas
Abraços não dados
Sorrisos não divididos
Beijos não amados
O bem da vida
Flui externando incessante terminal
Quem não se preparou se desesperou
Roncando rancores e ressentimentos
Que neste dado momento
Consome-lhe ainda mais
A mim paz
Já espalhei minhas cinzas há tempo
As lágrimas semeei e com elas reguei
E retornei o amor à terra
Plantadas raízes, meus pés, meu chão
Irmandade animal, fui reconhecido
Por iguais e outros seres
Sendo parte de todos, de tudo, de um
Imensidão azul planei
Em ondas e correntes
Aos olhos e pensamentos
Tempestuosos ou serenos
Como me ensinaste a ser
Lua te amei e amarei e a ti irei
Mais uma vez namorar você
E o sol, ah sol
Que por tantas minha alma
Preenchida de luz
Fez brilhar à mente, ao corpo
Meu desejo, minha liberdade
De ter chegado até aqui
E poder dizer:
- Oi tempo, chegou bem a tempo. Podemos ir?

terça-feira, 13 de abril de 2010

POESIA


Hoje tive tudo que quis
Semente da infância amadureceu enfim
Ergueu-se caule, tronco, galhos
Folhas e estórias
Frases de estações
Voando ao vento junto ao tempo
Encarregado das transformações
Que levam tempo, eterno tempo
Tão longínquo, tão próximo
Ó, distante um minuto
Torci por inteiro os destinos
Realizações e ambições
Escoei
Ecoando e vazando
Saindo de mim meu eu
Gerou onda e correu vida
Precipitações comunicativas
Descrições visuais cinematográficas
Úmidas em emoção e realidade
Também de sonho
Desaguaram em palavras e sons
Rimas e ritmos, outros universos
Paralelos ou perpendiculares
Isósceles ou escalenos
Pedra ou criança, casamento ou pajelança
Uma estrela ou na mesa de cabeceira
Um espelho, um lago, oceano
Transatlântico, sideral
Este precioso momento
Que sou tudo que posso
E posso tudo que sou
Na idéia sonhada
Pensada e descrita
Doce néctar
Quero gozar nesse mel
Padecer por esse fel
Chamado poesia

CONTATO


Dorme beijando
Acorda sorrindo
Carícias, afagos
Me dominando
Deseja, seduz
Esfrega, contato
Quer namorar
Entrega no ato
Minha santa
Vaza horrores
Em graça
Aos lençóis
Se delicada
Ama selvagem
Quando fera
Mia mansa
Age firme
Muito intensa
Desliza suave
Delirium tremens
Possui deixando
Permite dominando
Crava unhas
Doces lábios
Faz cara
Faz boca
Faz gostoso
Fascinante

QUERENDO TE AMAR


Rodando na noite procurei diversão
Tomando as ruas em becos e bares
Desperta atenção, movimentação
Surge bela visão atraindo olhares
Chegando quieta, meio dispersa
Finge descontração e não sossega
Encaro o destino, fico em desatino
Sua estória, seu corpo me interessa

Se entregue a mim
Não deixe a bola cair
Vou te fazer feliz
Em você quero estar
Me dê sua mão
Fuja da solidão
Eu quero te amar
Em você quero estar

Atravessei sentimentos, larguei meu abrigo
Arrisquei posição, relaxei proteção
Querendo chegar até o lugar
Onde possa ficar colado em você
Entregue seus medos, largue indecisão
Venha cheia, inteira, suando tesão
Nos satisfaremos cobertos de vontade
Totalmente despidos de vaidade

sábado, 10 de abril de 2010

PREOCUPADO


Tenho andado preocupado com a dificuldade
Que estou sentido de chorar
Dissipou-se a razão de ter um sentimento
Foi perdido junto à fé à ilusão
Minha indignação ficou tão solitária
Escondida em minhas ruínas
Vivemos de descasos, de vexames e corrupção
Um povo todo desrespeitado
Humilhado e adoecido
Falido e que ainda ri
Cedo tá no batente
Cansado, mas contente
Dentro da realidade
Que permite a cidade
Mudando a toda hora
O rumo dessa estória
Não sabendo se
Ao lar vai retornar
É tanto pé de meia
São dois pés na jaca
Grana na cueca
È um mar de lama
Onde fundos não tem dono
E verbas ao estrangeiro
População à míngua
Seca choro, seca saliva
Esvai-se esperança
Esvai-se saúde
Esvai-se o homem
Temos visto tanta morte
Que já é normal
Sentir o corpo frio
E a alma torpe
Sem ação ou reação
Sem conseguir ir
Sem conseguir sair
Vamos nos desesperar
Ficaremos sem ar
Sem ter um lugar
Ficar sem descansar...
Deixaremos de amar
Para onde vou?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

MAIS PRAZER


Vim para a vida, foi o meu presente
Em busca da felicidade
Crescendo nas ruas e por avenidas
Educando a minha solidão
Vivendo batalhas do dia a dia
Filosofando em botequins
Sentindo falta de companhia
Saio pra encontrar

Hoje eu quero ver a noite ferver
Hoje eu quero te ter
Hoje eu quero ver a noite ferver
Um pouco mais de prazer

Eis que encontrei, que louca emoção
A dona do meu coração
Teu céu cintilante me faz acordar
Que o show vai começar
Beijos e braços, amores e amassos
Batom, rendas e laços
Devora na cama e consome a alma
Me aquece, me acalma

segunda-feira, 5 de abril de 2010

JARDIM


Tua presença em minha vida se espalha
Tal qual flores tomando conta do seu jardim
É um misto de cores e odores, aromas
Que transcendem na própria forma
São plantas, pétalas, folhas e mais folhas
Delineadas com cetim e fitas
Sorrindo-lhe a serem descerradas
E da vida ela vazada à ti
Assim ouço, batendo alto,
Profundo e louco... teu coração.