segunda-feira, 21 de setembro de 2009

DOIS MUNDOS

Amanheceu, isso acontece todo dia
Pelo menos foi a certeza que sobrou
Da minha insana e destemida jornada
/Nublada, molhada ou céu aberto
Manhã mais bela companheira
Querendo acordar-me pra vida
/Aquece quando quero sentir frio
Escondido, ocultado, afundado
Ignorado meio morto no meu ninho
/Levanta-me mais cedo ou tarde
Com a devida licença em vontade
Me trazendo para a humanidade

Fonte de luz que ilumina estradas
Razão do ser sobreviver sendo ser
Floresce em perfumes em cores em toque
Alimenta labuta fadiga o meu dia

Mas a felicidade possui um limite
Morre que acaba assim que se vai
Sua companhia em sono profundo
/Deixando a solidão tomar seu lugar
Sedutora e cruel, uma grande amante
Sabe o que dar e o que vai cobrar
/Tecendo sua trama usada em rede
De luxúria e desculpas, sorrisos e farpas
Embala e acalenta ou pisa e machuca
/A dama perfeita que mais sabe amar
A vil bruxa má que sabe encantar
Sabe escravizar, sabe matar

São duas fêmeas, dois olhares, dois mundos
Uma divisão que fecunda meu ser
Foram criadas no mais lindo céu
Podem-se transformar enviadas do inferno
Não vivo sem uma, não durmo sem a outra
Uma cuida do corpo, outra instiga imaginações
Me fortaleço em uma, um porre com a outra
Uma e outra fazem toda a diferença
Saudade que acende, presença que apaga
Abraço que abraça, que pulsa, que sua
Beijo que morde, que arranha, adoece
Olhar divinal, olhar todo mal
Vivem separadas, mas as tenho pra sempre
Sempre diante dos meus olhos
Sempre em infinita beleza
Sempre, as quero sempre

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