quinta-feira, 10 de junho de 2010

MÁTRIA


Mátria casa sofreu, sentiu o golpe, a dor
De tanto abuso, arrogância e desamor
Diárias mentes te esgotam de eternas impiedades
Usufruindo do desrespeito insaciável de poder
Sobre um bem que não se tem, não se possui.
Sou ser parte dele e divido suas penas e lágrimas
Combalido e divino planeta
Maltratado, espoliado e danificado na alma
De seu sereno leito sangrou, negro, espesso, mortal
O câncer provido de fóssil presença animal
Disseminando a morte que intempéries haviam selado
Sob terras, sob pedras, sob mares.
Agora só o desalento esforço final de um inocente
Ser de gosma quase sem vida que, quem diria, outrora voava
Na direção que o sol lhe apontara e agora só agonia.
Se debate ali
À margem do nosso alcance
Na borda do nosso futuro
Na costa, por toda a costa
Nosso fruto pão molhado, salgado, contaminado
Bóia morto, sofre vivo, afogado em curtume de asfalto
Um alcatrão de tristezas criado por acidentais descasos
Asfixiando nossas palavras nos deixando sem ar
Ar marinho, sopro de vida, fonte viva
Nosso último suspiro...

Nenhum comentário:

Postar um comentário