segunda-feira, 22 de junho de 2009

IMPOSTO


Não dá mais pra agüentar a vida com está
Na hora de urinar, o ar p’reu respirar
Tenho de pagar
Pra viver tem imposto, pra morrer também
Não se pode andar, trabalhar ou descansar
Sem pagar alguém
Não posso almoçar um prato inteiro
O imposto engole a metade
Ainda exige o meu filé
Meia sobremesa, bebe meu café
Pega quase todo meu cigarro e depois mete o pé
Nem doente fico mais, sabe com é
Ficou proibitivo, pago caro por isso
O preço do remédio ficou agressivo
Metade imposto vira contribuição
No lado de cá do balcão
Superfaturar para me curar, quem doente está?
Não perderei mais um dia no trabalho
Se são mais rápido me encontrar
Bem ou mal sigo sempre a engordar
A pança da cobiça da pujança e da gastança
Não posso oferecer metade da gripe?
Contribuir com o meu espirro?
Adoraria repartir minha febre, aceita?
Só conta pagar
Pagar para usufruir tudo bem
Mas pagamos para não ter
Aí tem...
É imposto porque é imposto
Não é dado, oferecido nem doado
É enfiado na garganta
É empurrado na goela
É estocado no peito
Sangrado da carteira
Esvaziado dos cofres públicos
Desaparecido do erário
Roubado da saúde
Demolido da habitação
Desviado da educação
Só negado à cultura
É um funcionário fantasma quando se precisa dele
Sei que é obstinado e com boas intenções
Para a cidade “andar” ele se faz necessário
Mas tem andado somente
Com as más companhias de sempre
Ficam usando imposto por pura diversão
Faltando com a amizade e atropelando o respeito
Que ele acumulou de grão em grão
Retirado da minha, da sua
Dá a dele, dá a dela
Da nossa mão
Da nossa boca
Do nosso futuro.

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