terça-feira, 24 de novembro de 2009

SOLITÁRIO


Finalmente veio a chuva
Lavando a janela
Levando o silêncio
A cidade se acalma
Dói o meu peito
Chora a alma
As ruas vazias
Bueiros encharcos
A falta me mata
A sobra de mim
Tingida desnuda
Sangra saudade
Tremula mãos
Perco pensamentos
Esvai-se a razão
Voando me afasto
Das amarguras
Dispenso agruras
Despenco do alto
Das quedas me faço
Mais duro, mais frio
Corro perigo
Alcanço o espaço
Mas sigo sozinho
Amiga, querida
Eu só queria
Um breve afago
Contra a maré
Que puxa pra baixo
Até não dar pé
Me afogo profundo
Abissal fosso bestial
Sentido soturno
Escuro e sem saída
Assim me encontrei
Novamente me quis
Desejo ser feliz
Mas solitário
Estou na janela
Sem quem me olhe
Só a chuva

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